Antes de subir ao Calvário

9:22 AM


Antes de subir ao Calvário, talvez nas horas mais íntimas passadas com seus apóstolos, disse Jesus, conversando com eles na última ceia: "Filhinhos..." (Jo 13:33); aliás, há quem traduza: "Meus meninos...". Por eles fizera-se homem e, agora, estava para derramar o sangue daquela maneira, para salvá-los. Tinha toda razão de chamá-los "filhinhos".

Então, morre na cruz e, três dias depois, aparece a Madalena em pranto e diz: "Vai, porém, a meus irmãos e dize-lhes: Subo a meu Pai e vosso Pai, a meu Deus e vosso Deus" (Jo 20:17).

É amor verdadeiro e divino, amor encarnado em Jesus, aquele que lhe faz dizer "filhinhos" não só aos discípulos presentes mas, por meio deles, a quantos o seguiriam.

Contudo, mostra-se ainda mais amor quando dis a Madalena "Vai a meus irmãos".

Talvez seja possível conhecer Deus como Pai, pois no pai sempre há uma superioridade que o distingue do filho.

Mas, Deus como irmão, que conosco adora no Céu o seu e o nosso Pai, é um mistério tamanho, só possível de vislumbrar se considerarmos que Deus é realmente o Amor. O Amor que, depois deter merecido, como Homem, todos os títulos de paternidade para com os homens, pelos quais se encarnou, viveu e morreu, no findar de sua vida terrena, coloca-se ao lado dos outros, que Ele reconciliou com o Pai, fazendo-os partícipes de sua Divindade, fazendo-os semelhantes a si pelo Amor. Diz-se de fato que o Amor faz semelhar a si, e isso se constata em Jesus com uma clareza ímpar.

Além disso, o que caracteriza Jesus Salvador é que Ele dirigiu aquelas palavras de fraternidade a uma mulher, antes pecadora. E é justamente dela que se serve para avisar os Apóstolos, os que compunham sua Igreja nascente. A encarnação e a paixão de Jesus tinham como escopo a salvação do que estava perdido.

Ele converge sempre para isto e não se contradiz jamais.

A Igreja também fora fundada para continuar essa missão; por isso, Jesus faz que seja Maria Madalena a comunicar aos seus eleitos a notícia mais extraordinária, o milagre mais excelso. Aquela morte fora sobretudo por ela, pelos pecadores, que o amor e o sangue de Jesus haviam purificado e feito dignos até mesmo de anunciar aos que deveriam - por vocação - transmitir ao mundo a grande mensagem da ressurreição de Jesus e, por Ele e com Ele, a de todos os que o amam.

Autora: Chiara Lubich

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