A morte fala...

6:46 PM

Eis um pequeno fato.
Você vai morrer.

Com absoluta sinceridade, tento ser otimista a respeito de todo esse assunto, embora a maioria das pessoas sinta-se impedida e acreditar em mim, sejam quais forem meus protestos. Por favor, confie em mim. Decididamente, eu sei ser animada, sei ser amável. Agradável. Afável. E esses são apenas os As. Só não me peça para ser simpático. Simpatia não tem nada a ver comigo.

Isso preocupa você?
Insisto - não tenha medo.
Sou tudo, menos injusta.

- É claro, uma apresentação.
Um começo.
Onde estão meus bons modos?
Eu poderia me apresentar apropriadamente, mas, na verdade, isso não é necessário. Você me conhecerá o suficiente e bem depressa, dependendo de uma gama diversificada de variáveis. Basta dizer que, em algum ponto do tempo, eu me erguerei sobre você, com toda a cordialidade possível. Sua alma estará em meus braços. Haverá uma cor pousada em meu ombro. E levarei você embora gentilmente.

Nesse momento, você estará deitado. (Raras vezes encontro pessoas de pé.) Estará solidificado em seu corpo. Talvez haja uma descoberta; um grito pingará pelo ar. O único som que ouvirei depois disso será minha própria respiração, além do som do cheiro de meus passos.

[Trecho do livro A menina que roubava livros, de Markus Zusak]

*****************

Primeiro perdi um tio, depois minha avó materna. Hoje, perdi minha avó paterna. Sempre diante desses fatos, pensei em escrever um texto sobre a morte, sobre o que penso dela. Mas a verdade é que quando ela surge em nossas vidas, não dá para pensar em muita coisa, nem sobre ela nem sobre qualquer outra coisa, pois ela não é racional, é apenas uma sensação, um sentimento.

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