Resenha VII

12:55 PM

Resenha recém saída do forno de "Cartas a um jovem poeta", de Rilke, no Leia Livro:

Como resenhar sobre um livro, no qual lemos: “Não há nada que toque menos uma obra de arte do que as palavras de uma crítica: elas não passam de mal-entendidos mais ou menos afortunados”?

O pior, ou talvez o melhor, de “Cartas a um jovem poeta” é que não nos deparamos com um personagem, mas é o próprio Rilke que nos fala. No livro, uma coletânea de cartas que o autor enviou a um aspirante à poeta, se revelam plenamente a beleza da prosa do escritor tcheco e a riqueza de seu pensamento.

Saber que estamos diante de Rilke, que sequer imaginava ao escrever aquelas linhas que elas se converteriam em mais um livro com sua assinatura, é estimulante. A sensação não poderia ser outra: parece que cada palavra foi endereçada a nós. Tudo bem que nem todos somos exatamente poetas, mas é certo que quando um autor escreve um livro ou um texto qualquer que seja, o escrito já não é apenas dele, mas de todos que podem ter-lhe acesso. Pode-se pensar que o leitor nada pode agregar, mas ao contrário, é justamente ele quem emprega sentido à existência da obra. Assim, torna-se parte da arte e a toma para si.

Poderíamos, assim, co-produtores da obra, fazer alguma crítica? À “Cartas a um jovem poeta”, não. Isso porque não há muito o que falar do livro - acabaríamos sendo injustos com o pensamento de Rilke – há, no entanto, o que ler, o que sentir, o que pensar, o que se permitir. Por tudo isso, é uma obra para ser lida e relida continuamente, pois a cada nova leitura, encontraremos algo novo.

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