Jornalista por vocação e formação

9:42 AM

A primeira vez que vi um texto meu publicado num jornal, eu tinha apenas 12 anos. Foi num suplemente infantil, mas estava lá. E o fato se repetiu uma e outra vez, confirmando que “quando eu crescesse”, iria ser jornalista.

Anos depois, já às vésperas do vestibular, a psicóloga do colégio me questionou se eu não estaria me fechando para outras opções. Mas como? Eu era jornalista e não havia outro caminho para mim. Eu estava predestinada desde aquele domingo qualquer de 1992 quando uma história minha foi contada num jornal.

Entrei na Universidade. Vi colegas abandonarem o curso. Aquele não era o caminho deles. De fato, a faculdade não cria jornalistas, mas eles tampouco nascem prontos. Eu tinha a chama, mas foi a formação que me permitiu emitir meu calor da maneira mais apropriada, com ética e responsabilidade, com cuidado com a fonte, com meu leitor e com a informação.

Nesse momento, enquanto escrevo esse texto, sinto como se ainda não tivesse me dado conta completamente do significado do resultado do Julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF), ontem (17/06), que derrubou a exigência do diploma para o exercício da profissão de jornalista. Sei que meus quatro anos de graduação e três de pós-graduação não irão a qualquer lugar. O conhecimento adquirido é, sem dúvida alguma, algo meu, que me acompanhará para sempre. Mas não posso deixar de temer - e agora posso recair no erro de ser corporativa - a precarização da profissão de jornalista e me questionar sobre as futuras gerações que irão exercer a profissão sem formação superior; o futuro dos cursos de jornalismo; e os critérios das empresas de comunicação no momento de contratar a partir de agora.

Não tenho resposta e não sei se elas poderão ser dadas tão facilmente. O único que sei é que tempos difíceis virão e que eu continuarei a ser uma jornalista por vocação e por formação.

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