Palavra

8:42 AM

Una palabra
[Carlos Varela]

Una palabra no dice nada
Y al mismo tiempo lo esconde todo
Igual que el viento que esconde el agua
Como las flores que esconde el lodo.

Una mirada no dice nada
Y al mismo tiempo lo dice todo
Como la lluvia sobre tu cara
O el viejo mapa de algún tesoro.

Una verdad no dice nada
Y al mismo tiempo lo esconde todo
Como una hoguera que no se apaga
Como una piedra que nace polvo.

Si un día me faltas no seré nada
Y al mismo tiempo lo seré todo
Porque en tus ojos están mis alas
Y está la orilla donde me ahogo,
Porque en tus ojos están mis alas
Y está la orilla donde me ahogo.

****************

Sempre gostei das palavras, sejam escritas ou faladas. Suas formas, seus sons, tudo revela uma sinuosidade ímpar.

Procurei conhecê-las, pensando em talvez conseguir ter algum domínio sobre elas. Mas quem pode? Tem quem conheça alguns de seus segredos ou meandros, mas nunca em sua totalidade, pois são multifacetadas e como se não bastasse a sua própria complexidade, Deus inventou de dar ao homem a tal da polissemia, o que complicou ainda mais nossa relação com as palavras.

Já a gramática criou a pontuação e a fala, a entonação. Coisinhas-à-toa que podem transformar palavras e intensões. Assim, palavras podem ser punhais ou bálsamos.

Pensando agora, lembro de uma que desperta em mim um conforto gostoso. Em parte por seu significado, em outra por sua sonoridade, em outra ainda pela bonita junção das letras e também porque com ela descobri o nome daqueles momentos em que ficava afundada em meus próprios pensamentos, como que num sonho sem sono: ensimesmar-se. E todas as sua variações: ensimesmado, ensimesmamento...

Essa talvez seja uma dessas palavras que "não dizem nada/ao mesmo tempo em que escondem tudo".

You Might Also Like

0 comentários