Resenha IV

9:46 AM


Mais uma resenha no Leia Livro. Dessa vez, Travessuras da Menina Má, de Vargas Llosa.

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Travessuras da menina má, Mario Vargas Llosa

Na contracapa, a pergunta: qual é a verdadeira face do amor? Se é verdade que aquilo que nos é diferente causa estranheza, posso dizer que foi isso o que aconteceu comigo quando iniciei a leitura de “Travessuras da menina má”. Afinal, estava acostumada com a face do amor romântico. Aquele dos filmes e novelas.

No livro, Ricardo, o “bom menino” que apenas queria viver em Paris, com uma vida pequeno-burguesa; apaixona-se pela “menina má”, que não media esforços para ser rica, riquíssima, usando de todas as artimanhas femininas para conseguir. Dessa forma, tão opostos, a “menina má” oferece a Ricardo momentos de intensa felicidade e proporciona outros de profundo desencanto.

Um desencanto que eu mesma sentia, pois via-me como uma “boa menina” atrás de viver o ideal pequeno-burguês de constituir família, ter um bom emprego, distrair-me com idas ao cinema, teatro, restaurantes ou lendo um bom livro. Sendo assim, todo o inconformismo e espírito aventureiro da “menina má”, me desconcertavam.

No entanto, o amor de Ricardo era tanto e tão vigorosa a narrativa do renomado escritor Mario Vargas Llosa, que esse emocionante romance foi me cativando a cada página, a cada reencontro do “bom menino” com a “menina má” - no Peru, em Paris, em Londres, no Japão e até em Madri. A tal ponto, que cheguei a me afeiçoar a ela, depois de tê-la quase odiado. Isso porque como mesmo diz Ricardo, a alegria que ela proporcionou a ele – e aos leitores com suas aventuras e desventuras – foi bem maior do que qualquer mágoa.

É assim, por intermédio da dor e da alegria, da humilhação e da felicidade, do trágico e do cômico, que conhecemos um amor de mil faces, indefinível, fora das classificações e tipificações que teimamos em dar às coisas e aos sentimentos.

Como plano de fundo dessa história de amor, o autor traça o perfil das transformações sociais européias e das convulsões políticas da América Latina. Muito do personagem Ricardo, remete a própria vida de Vargas Llosa como os tempos em que viveu como tradutor ou os difíceis anos morando em Paris.

Segundo o autor, essa é sua primeira “história de amor”. Uma história que acabou por ser uma das estrelas do pacote de cinco títulos lançados de uma só vez pela Editora Alfaguara, nome de prestígio que o grupo editorial Prisa-Santillana – atuando no Brasil desde 2005. Dos outros cinco títulos do pacote inicial da Alfaguara brasileira destacam-se, um Truman Capote, um Cormac McCarthy e um Will Self.

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