Resenha XII

10:20 AM


Num dia normal, parado no semáforo, um homem grita: “Estou cego”. Assim, de repente. E é também de repente que a cegueira branca como leite vai se proliferando numa epidemia inexplicável. Mais e mais pessoas cegas são levadas a um antigo manicômio para confinamento, pensando-se proteger a população. O que não se sabia é que a cegueira iria continuar e toda a cidade ficaria cega.

Caos. Com a cegueira, são evidenciados os instintos mais primitivos na busca pela sobrevivência, tornando os homens em sombras do que um dia foram. Animais com necessidades básicas e nada mais.

Entre tantos cegos, apenas uma pessoa é capaz de enxergar: a esposa do médico. Mas nem por isso, ela sente-se afortunada. Ao contrário, sua visão lhe incube da responsabilidade de guiar os que não podem ver, além de lhe permitir ver as cenas horrorosas descritas por Saramago como quando os cachorros que devoram o cadáver de um homem na rua. A visão torna-se então uma maldição, e ela mesma chega a desejar cegar.

“Ensaio sobre a cegueira” é assustador, inquietante e, antes de tudo, é um livro que nos faz enxergar e temer a própria humanidade. Será que Saramago estaria certo e “só num mundo de cegos as coisas serão o que verdadeiramente são” (p 128).


FICHA TÉCNICA
Livro: Ensiao sobre a cegueira
Autor: José Saramago
Editora: Companhia das Letras
Ano da impressão: 2007 (38ª edição)
ISBN: 978-85-7164-495-3


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